ATENDIMENTO COM PSICÓLOGO
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Dr. Tapas Kumar Aich

Professor associado de Psiquiatria & HOD

BR Medical College, Gorakhpur, UP, India

 

Formerly, Professor de Psiquiatria Convidado

Universal College of Medical Sciences (UCMS),

Bhairahawa, Nepal

 

RESUMO

O termo “existencialismo” foi criado pelo filósofo francês Gabriel Marcel nos meados de 1940 e foi adotado por Jean-Paul Sartre. O termo tem sido aplicado, retrospectivamente, para filósofos como Martin Heidegger, Karl Jaspers e Søren Kierkegaard e outros filósofos do século XIX e XX que, apesar das profundas divergências doutrinais, geralmente consideraram que o foco do pensamento filosófico deve ser de lidar com as condições de existência da pessoa individual e suas emoções, ações, responsabilidades e seus pensamentos.

No início do século XIX, o filósofo Søren Kierkegaard, considerado postumamente como o “pai do existencialismo”, sustentou que o indivíduo tem apenas as responsabilidades de dar sentido à própria vida e vive-la apaixonadamente e sinceramente, apesar de muitos obstáculos e distrações existenciais, incluindo desespero, angústia, absurdo, alienação e tédio.

Ao longo do último século, especialistas escreveram sobre muitos pontos em comum entre o budismo e os vários ramos da moderna psicologia ocidental, como a psicologia fenomenológica, psicoterapia psicanalítica, psicologia humanista, cognitiva e existencial. Em comparação com outros ramos da psicologia, pouco se tem estudado e discutido sobre as semelhanças entre a filosofia budista e a moderna psicologia existencial que foram propagadas no ocidente.

Buda disse que a vida é “sofrimento”. A psicologia existencial fala sobre a ansiedade ontológica (pavor e angústia). Buda disse que o “sofrimento é devido ao apego”. A psicologia existencial também possui alguns conceitos semelhantes. Nos apegamos as coisas na esperança de que elas nos fornecerão um certo benefício. Buda disse que o “sofrimento pode ser extinguido”. O conceito budista de “nirvana” é bastante semelhante à liberdade dita pelos existencialistas. De fato, a liberdade tem sido usada no budismo no contexto de liberdade através do renascimento ou através dos efeitos do carma. Para o existencialista, a liberdade é um fato do nosso ser, o qual geralmente ignoramos. Por fim, Buda disse que “existe uma maneira de extinguir o sofrimento”. Para o psicólogo existencial, o terapeuta deve assumir um papel assertivo ao ajudar o paciente a tomar consciência da realidade de seu sofrimento e de suas raízes.

Como psiquiatra, clínico ou terapeuta, geralmente estamos diante de pacientes com sintomas de depressão, onde a etiologia não é meramente reativa, nem um conflito interpessoal, ou mesmo simplesmente uma distorção cognitiva! Os pacientes apresentam principalmente algumas formas de “crises existenciais”. A menos que entendamos e resolvamos essas questões existenciais, provavelmente deixaremos de aliviar os sintomas da depressão, simplesmente prescrevendo medicamento, nesses pacientes!

Palavras-chaves: Psicologia existencial, Filosofia de Buda, Depressão.

Introdução1

O termo “existencialismo” foi criado pelo filósofo francês Gabriel Marcel nos meados de 1940 e foi adotado por Jean-Paul Sartre. O termo tem sido aplicado, retrospectivamente, para filósofos como Martin Heidegger, Karl Jaspers e Søren Kierkegaard e outros filósofos do século XIX e XX que, apesar das profundas divergências doutrinais, geralmente consideraram que o foco do pensamento filosófico deve ser lidar com as condições de existência da pessoa individual e suas emoções, ações, responsabilidades e seus pensamentos. No início do século XIX, o filósofo Søren Kierkegaard, considerado postumamente como o “pai do existencialismo”, sustentou que o indivíduo tem apenas as responsabilidades de dar sentido à própria vida e vive-la apaixonadamente e sinceramente, apesar de muitos obstáculos e distrações existenciais, incluindo desespero, angústia, absurdo, alienação e tédio. Ao longo do último século, especialistas escreveram sobre muitos pontos em comum entre o budismo e os vários ramos da moderna psicologia ocidental, como a psicologia fenomenológica, psicoterapia psicanalítica, psicologia humanista, cognitiva e existencial. Nos meados do século XX, tivemos colaborações entre muitos psicanalistas e estudiosos budistas, como um encontro entre “duas das forças mais poderosas” que operam na mente ocidental. Em comparação com outros ramos da psicologia, pouco se foi estudado e discutido sobre as semelhanças entre a filosofia budista e a psicologia existencial moderna, que foram propagadas no ocidente. Este artigo visou criar uma ponte entre a nossa antiga filosofia budista e os pensadores existenciais ocidentais dos séculos XIX e XX.

Abordagem existencial: a “quarta força” na psicologia:

A psicanálise era uma força importante, que via os seres humanos como motivados por suas experiências passadas. As pessoas se comportaram de maneiras que surgiram de sentimentos sobre a infância ou outras experiências. O behaviorismo via os seres humanos como fortemente moldados por seu condicionamento. Pessoas se comportavam de maneiras que dependiam de recompensas e punições. A psicologia humanista se rebelou contra os modelos médicos e de condicionamento, ela via os seres humanos como basicamente bons. As pessoas poderiam se desenvolver sendo fiéis a si mesmas. O ambiente era crucial. A psicologia existencial via os seres humanos como sendo nem bons, nem maus. As pessoas moldavam suas vidas pelas escolhas que fizeram e que cada escolha tinha consequências. Eles poderiam assumir a responsabilidade de escolher suas atitudes e ações.

Uma breve história do existencialismo1

Em 1964, a revista “Life” traçou a história do existencialismo de Heráclito (500 a.C.) e Parmênides sobre a discussão sobre “o imutável” como real e “o estado do fluxo” como o irreal. Eles procuraram e notaram visões existenciais na produção dos salmos do Antigo Testamento e de Jesus Cristo. Outros antecessores importantes dos existencialistas modernos foram Jacob Boehme (1575 – 1624). René Descartes (1596 – 1650) e Blaise Pascal (1623 – 1662). O ponto de partida da filosofia existencial remonta ao século XIX, através do trabalho de Søren Kierkegaard, Friedrich Nietzsche e Martin Heidegger. Várias pessoas criaram a ponte da filosofia para a psicologia e para a psicoterapia. Estes incluíram profissionais como Ludwig Binswanger e Medard Boss. A abordagem alcançou uma audiência mundial, no entanto, com o trabalho de Viktor Frankl e Rollo May.

Psicologia existencial: Alguns contribuintes importantes:

“ A vida não é um problema a ser resolvido, mas uma realidade a ser experimentada”. Søren Kierkegaard (1813 – 1855)2 foi um filósofo, teólogo, poeta, crítico social e autor religioso dinamarquês. Ele deu as noções de angústia, desespero e a importância do indivíduo.

Ele era um escritor solitário e corcunda que denunciou a igreja estabelecida e rejeitou grande parte do idealismo alemão popular da época. Durante sua vida, havia poucos adeptos as suas ideias. Como Kierkegaard viveu com sua própria palavra, ficou sozinho e muito ridicularizado durante sua vida. Porém, quando se trata do absurdo da existência, a guerra é um grande convincente; e foi no final da Primeira Guerra Mundial que dois filósofos alemães, Karl Jaspers e Martin Heidegger, adotaram as ideias de Kierkegaard, as elaboraram e sistematizaram. Após a Segunda Guerra Mundial, com a condição humana mais precária do que nunca, e enfrentando o absurdo supremo, a filosofia existencial alcançou seu estado atual com contribuições significativas de muitos filósofos do século XX.

Deus está morto e nós o matamos”. Nietzsche (1844 – 1900)3 levou a filosofia existencial da vida um passo adiante, que costumava se chamar de “imoralista”. Seu ponto de partida foi a noção de que “Deus está morto”, ou seja, a ideia de Deus estava ultrapassada e limitada e que acabe a nós reavaliar a existência à luz disso. O conceito de Nietzsche de “Deus está morto” se aplica às doutrinas da cristandade. Ele alegou que a fé cristã praticada não era uma representação adequada dos ensinamentos de Jesus, pois obrigava as pessoas a simplesmente acreditar em seu caminho, mas a não agir como ele. Ele encorajou as pessoas a transcender os costumes da civilização e escolher seus próprios padrões. Os importantes temas existenciais de liberdade, escolha, responsabilidade e coragem foram introduzidos pela primeira vez por ele. No início do século XX, uma crise estava chegando à psique ocidental, e Nietzsche era seu profeta mais famoso. A economia global no mundo de Freud e Einstein significava que tudo era relativo: sua raça, sua etnia, sua profissão, sua religião. Antigamente, a pele era impossível de ser eliminada, mas agora eram roupas que alguém podia vestir e despir, em um universo onde nem a matéria e o tempo eram constantes!

Martin Heidegger (1889 – 1976)4 aplicou o método fenomenológico para entender o “significado de ser”. Ele explorou os seres humanos no mundo de uma maneira que revolucionou as ideias clássicas sobre o “eu” e a psicologia.

“Se eu levar a morte para a minha vida, reconhece-la e enfrentá-la diretamente, me libertarei da ansiedade da morte e da mesquinharia da vida – e só então serei livre para me tornar eu mesmo”. Seu pensamento contribuiu para campos tão diversos como a fenomenologia, o existencialismo, a hermenêutica, a teoria política, psicologia e teologia. Ele reconheceu a importância do tempo, espaço, morte e as relações humanas.

Karl Theodor Jaspers (1883 – 1969)5 foi um psiquiatra e filósofo alemão que teve uma forte influência na teologia moderna, psiquiatria e filosofia.

“Meu caminho não era o normal dos professores de filosofia”, conforme publicado em “Existencialism from Dostoyevsky to Sartre” (1956). Jaspers começou a escrever seus pontos de vista sobre doenças mentais em um livro, que publicou em 1913 como Psicopatologia Geral. Este trabalho tornou-se um clássico na literatura psiquiátrica e muitos critérios de diagnósticos modernos derivam de ideias contidas neles. Em 1921, com 38 anos, Jaspers mudou da psicologia para a filosofia. Muitos comentaristas associaram Jaspers à filosofia do existencialismo. Ele rejeitou doutrinas religiosas explícitas, incluindo a noção de um Deus pessoal.

Ludwig Binswager (1881 – 1966)6 nasceu na Suíça em 1881. Ludwig estudou com Carl Jung e era um bom amigo de Sigmund Freud. Binswanger foi ainda influenciado pela filosofia existencial, particularmente após a Primeira Guerra Mundial, através dos trabalhos de Martin Heidgger, Egmund Husserl e Martin Buber, eventualmente evoluindo sua própria marca distinta da psicologia fenomenológica existencial. Embora alguns dos trabalhos de Ludwig sejam considerados abstratos, esses lançaram as bases da psicologia existencial. Colocando uma forte ênfase na construção de um bom relacionamento com os pacientes, ele se concentrou em capacitá-los a assumir a responsabilidade pelas vidas. Ludwig era particularmente conhecido por desenvolver a “Dasein Analyses”. Este termo deriva da palavra alemã “Dasein”, para a qual não há tradução direta para o inglês. Algumas pessoas traduzem como “existência”. Outros vão além, explicando-o em termos de “estar lá”.

“O que dá à luz deve suportar a queima” “O homem não está livre de suas condições, mas ele é livre para se posicionar em relação as suas condições” Victor Emil Frankl (1905 – 1997)7 era um neurologista e psiquiatra austríaco, além de um sobrevivente do holocausto. Frankl disse: “Tudo pode ser retirado de um homem ou mulher, mas uma coisa: a última das liberdades humanas de escolher a atitude de alguém em um determinado conjunto de circunstâncias, a de escolher o próprio caminho. Ele foi o fundador da logoterapia, que é uma forma de análise existencial. Sua esposa Tilly morreu no campo de concentração de BergenBelsen. A mãe de Frankl, Elsa, foi morta pelos nazistas nas câmaras de gás de Auschwitz, e seu irmão Walter morreu trabalhando em uma operação de mineração que fazia parte de Auschwitz. Ele narra suas experiências como preso no campo de concentração no livro bet-seller “Man’s Search for Meaning”, que o levou a descobrir a importância de encontrar significado em todas as formas de existência, mesmo as mais sórdidas, e, portanto, uma razão para continuar vivendo. Frankl validou sua conclusão marcante de que, mesmo na situação mais absurda, dolorosa e desumana, a vida tem um potencial significado e, portanto, até o sofrimento é significativo. Ele se tornou uma das figuras-chave da terapia existencial e uma importante fonte de inspiração para psicólogos humanistas. Ele costumava dizer que, mesmo dentro dos limites estreitos dos campos de concentração, ele encontrou apenas duas raças de homens, os decentes e os sem princípios. Ele lembrou dois prisioneiros que falaram em cometer suicídio. Os dois homens usaram o argumento típico: eles não tinham mais nada a esperar da vida. O desafio era mostrar a eles que a vida ainda esperava algo deles.

“Nós não somos indivíduos presos ao lado de nossos corpos. Vivemos em um mundo compartilhado e nos iluminamos. A existência humana é uma existência compartilhada. ” Medard Boss (1903 – 1990)8 nasceu em St. Gallen, na Suíça, e trabalhou para o psiquiatra suíço Eugen Bleuler.

Medard mergulhou nos escritos dos filósofos existenciais, como Martin Heidegger e Ludwig Binswanger. Algumas pessoas veem Medard como um dos fundadores da psicologia existencial. Medard acrescentou várias dimensões que encorajavam os pacientes a assumir a responsabilidade de moldar seu futuro. Ele escreveu mais tarde que o objetivo do terapeuta era permitir ao paciente: “…se apropriar dos potenciais inatos que até o tratamento foi oculto, perturbado ou distorcido”. Medard incentivou uma pessoa a estar totalmente aberta à experiência. Uma abordagem que ele usou foi a “sintonização”. Isso significa permitir que um paciente se sintonizasse com o humor que estava vivenciando.

Rollo May (1909 – 1994)9 nasceu em Ohio. Ele reuniu muitas vertentes de abordagem existencial e as apresentou a um público mais amplo nos Estados Unidos

“Liberdade é a capacidade do homem de ajudar seu próprio desenvolvimento. É nossa capacidade de nos moldar”.

“A liberdade humana envolve nossa capacidade de fazer uma pausa, de escolher a única resposta para a qual desejamos jogar nosso peso”.

“Alegria, ao invés de felicidade, é o objetivo da vida, pois alegria é a emoção que acompanha o cumprimento de nossa natureza como seres humanos. A primeira coisa necessária para um tratamento construtivo do tempo é aprender a viver na realidade do momento presente. Psicologicamente falando, esse momento presente é tudo o que temos”.

Psicologia Existencial: Descrição breve de alguns conceitos 2,4,6

Fenomenologia é um cuidado e completo estudo dos fenômenos, e é basicamente a invenção do filósofo Edmund Husserl. Fenômenos são os conteúdos da consciência, as coisas, qualidades, relacionamentos, eventos, pensamentos, imagens, memórias, fantasias, sentimentos, atos, e assim por diante, que experimentamos. Existência: Kierkegaard uma vez comparou os seres humanos com Deus, mas nos categorizou como desqualificados. Deus é tradicionalmente entendido como sendo onisciente, onipotente e eterno. Nós, por outro lado, somos abissalmente ignorantes, lamentavelmente impotentes e demasiadamente mortais. Nossas limitações são claras. Dasein, significa literalmente “estar lá”, porém muitas pessoas usam a palavra existência ou existência humana. A principal qualidade do Dasein, segundo Heidegger, é o cuidado. Ansiedade: Os existencialistas são famosos por apontar que a vida é difícil. O mundo físico pode nos proporcionar dor e também prazer; o mundo social pode levar a desgosto e solidão, bem como amor e carinho; e o mundo pessoal, principalmente, contém ansiedade e culpa e a consciência de nossa própria mortalidade. E essas coisas difíceis não são meramente possibilidades na vida, são inevitáveis. Kierkegaard, Heidegger e outros existencialistas usam a palavra angústia, ansiedade, para se referir à apreensão que sentimos ao passar para a incerteza do nosso futuro. Os existencialistas costumam falar sobre o nada associado à ansiedade: esse não é um inconveniente temporário a ser removido pelo seu terapeuta amigável; é uma parte de ser humano. Culpa: Então, o existencialismo não é uma filosofia “fácil”. Ele oferece maneiras muito limitadas de evitar a responsabilidade por seus atos. Você não pode culpar tudo pelo seu ambiente, ou sua genética, ou seus pais, alguma doença psiquiátrica, bebidas ou drogas, pressão de colegas ou do diabo. Morte: Os existencialistas são às vezes criticados por estarem preocupados com a morte. Sartre diz na peça The Flies: “a vida começa do outro lado do desespero”. Autenticidade: Ao contrário da maioria dos outros teóricos da personalidade, os existencialistas não fazem nenhum esforço para evitar julgamentos de valor. Fenomenologicamente, o bem e o mal são tão “reais” quanto os resíduos sólidos e as torradas queimadas. Portanto, eles são bastante claros de que existem maneiras melhores e piores de viver a vida. As melhores maneiras que chamam de autênticas. Viver autenticamente significa estar consciente de si mesmo, de suas circunstâncias (arremesso), de seu mundo social (queda), de seu dever de criar a si mesmo (entendimento), da inevitabilidade da ansiedade, da culpa e da morte. Significa aceitar essas coisas em um ato de autoafirmação. Significa envolvimento, compaixão e comprometimento. Inautenticidade: alguém que não vive autenticamente, não está mais “se tornando”, mas apenas “sendo”. Eles trocaram a abertura pelo fechamento, a dinâmica pelo estático, possibilidades por realidades. Se autenticidade é movimento, eles pararam. O convencional é o estilo mais comum da inautenticidade. Envolve ignorar a liberdade e viver uma vida de conformidade e materialismo superficial. Se você consegue ser como todo mundo, não precisa fazer escolhas. Você pode recorrer à autoridade ao aos seus colegas ou mesmo à mídia para obter “orientação”. Você pode ficar “ocupado” demais para perceber as decisões morais que precisa tomar. Você caiu e vive no que Sartre chamou de “má fé”.

Breve descrição da análise existencial

Diagnóstico:  Binswanger e outros psicólogos existenciais fazem questão de descobrir a visão de mundo de seus pacientes (ou design do mundo). Ele, por exemplo, tentará entender como você vê o seu mundo físico – coisas, edifícios, árvores, móveis, gravidade, etc. Ele também desejará entender o seu mundo social. Aqui estamos falando sobre suas relações com indivíduos, comunidade, cultura e assim por diante. E ele vai buscar entender seu mundo próprio ou pessoal. Isso inclui a mente e o corpo, o que você sente ser mais central para o seu senso de quem você é. Binswanger está igualmente interessado em seu relacionamento com o tempo. Ele gostaria de saber como você vê seu passado, presente e futuro. Você mora no passado, sempre tentando recapturar aqueles dias dourados? Ou você mora no futuro, sempre se preparando ou esperando uma vida melhor? Você vê sua vida como uma aventura longa e complexa? Ou um breve flash – aqui hoje, se foi amanhã?

Binswanger também fala sobre diferentes modos: algumas pessoas vivem no modo singular, sozinhas e autossuficientes. Outros vivem no modo “dual”, como um “você e eu” em de um “eu”. Alguns vivem no modo plural, pensando em si mesmos em termos de pertencer a algo maior que eles – uma nação, uma religião, uma organização, ou uma cultura. Outros ainda vivem em um modo anônimo, silencioso, secreto, no fundo da vida. E a maioria de nós vive em todos esses modos de tempos em tempos e de lugar para lugar.

Como você pode ver, a linguagem da análise existencial é uma metáfora. A vida é grande demais, rica demais para ser capturada por algo tão bruto quanto a prosa. Minha vida é certamente muito rica para ser capturada com palavras que você pensou antes mesmo de me conhecer! Os terapeutas existenciais permitem que seus clientes se revelem em suas próprias palavras, em seu próprio tempo.

Terapia: A essência da terapia existencial é o relacionamento entre o terapeuta e o paciente, chamado de encontro. Um encontro é a presença genuína de um Dasein para outro, uma “abertura” de um para o outro.

Buda Gautama e sua filosofia 11, 12

A vida do príncipe Sidarta ou Buda Gautama é bastante conhecida. Nascido em uma família real em Kapilavastu, nas colinas do Himalaia, no século VI a.C, ele renunciou ao mundo cedo na vida. As visões de doença, velhice e morte levam-no a um estado de “crise existencial”. Ele estava convencido de que o mundo estava cheio de sofrimento e ele renunciou ao mundo cedo na vida. Como asceta, ele estava inquieto em busca da fonte real de todos os sofrimentos e do caminho ou meio de cessar esses sofrimentos. Ele procurou respostas para suas perguntas de muitos estudiosos e professores religiosos de sua época, mas nada o satisfez. Ele praticou grandes austeridades, passou por intensas meditações com uma vontade de ferro e uma mente livre de todos os pensamentos e paixões perturbadoras. Ele se esforçou para desvendar o mistério das misérias do mundo. Finalmente, sua missão foi cumprida e o príncipe Sidarta tornou-se Buda ou “iluminado”.

Buda sempre tentou esclarecer as pessoas sobre as questões mais importante da tristeza, a sua origem, sua cessação e o caminho que conduz à sua extinção. As respostas para essas quatro perguntas constituem a essência da iluminação de Buda. Estes passaram a ser conhecidos como quatro nobres verdades. São elas: (a) a vida é cheia de sofrimento (Duhkha), (b) existe uma causa desse sofrimento (Duhkhasamudaya), (c) é possível parar de sofrer (Duhkhanirodha), (d) a verdade nobre sobre o sofrimento é que existe um caminho (marga) – que Buda seguiu e outros podem igualmente seguir – para chegar a um estado livre de miséria. Ele chamou de “Caminho Óctuplo da libertação”.

Caminho Óctuplo (astangika-marga): Isso fornece, em poucas palavras, o essencial da “Ética do Buda”. Este caminho é aberto a todos, monges e leigos. A descrição detalhada desse caminho de oito passos está além do escopo deste trabalho. Isso inclui visões corretas, resoluções∕aspirações corretas, fala correta, ação∕conduta correta, meios de subsistência certos, esforço correto, atenção correta e concentração correta. Os dois primeiros segmentos do caminho são chamados de “prajña”, que significa sabedoria: (1) Vistas corretas– compreender as Quatro Nobres Verdades, especialmente a natureza de todas as coisas como imperfeitas, não permanentes e não substanciais, e nosso sofrimento auto infligido, conforme fundado em apego, ódio e ignorância. (2) Resolução∕aspiração correta – ter o verdadeiro desejo∕determinação de libertar-se do apego, ódio e ignorância.

Os próximos três segmentos dos caminhos fornecem orientação mais detalhada na forma de preceitos morais, chamados “Sila”: (3) Fala correta – abster-se de mentir, fofocar e falar ofensivamente em geral. A fala é frequentemente nossa ignorância manifestada e é a maneira mais comum pela qual prejudicamos os outros. (4) Ação∕conduta correta – a conduta correta inclui os “Pancha-Sila”, os cinco votos de desistir de matar, roubar, sensualizar, mentir e intoxicar. (5) Meios de subsistência corretos – ganhar a vida de uma maneira honesta e não prejudicial.

Os últimos três segmentos do caminho são aqueles pelos quais o budismo é mais famoso, e dizem respeito a “samadhi” ou meditação. Apesar da concepção popular, sem sabedoria e moralidade, a meditação é inútil e pode até ser perigosa. (6) Esforço correto – assumir o controle de sua mente e seu conteúdo, esforço para desenvolver bons hábitos mentais. Quando surgem maus pensamentos e impulsos, eles devem ser abandonados. Isso é feito observando o pensamento sem apego, reconhecendo-o pelo o que é e deixando-o dissipar-se. Por outro lado, bons pensamentos e impulsos devem ser nutridos e encenados. (7) “Mindfulnesscorreto – “mindfulness” refere-se a um tipo de meditação (vipassana) que envolve a aceitação de pensamentos e percepções, uma “atenção pura” a esses eventos sem apego. Essa atenção deve ser estendida à vida diária também. Torna-se uma maneira de desenvolver uma consciência mais completa e rica da vida. (8) Concentração correta – aquele que guiou com sucesso sua vida na vida das sete últimas condutas e, assim, libertou-se de todas as peixões e maus pensamentos, está apto a entrar em estágios mais profundos de concentração que gradualmente o levam ao objetivo de sua longa e árdua jornada, extinção do sofrimento.

Comparação entre a psicologia existencial e a filosofia de Buda Gautuma – Percursor do existencialista moderno?12,13:

O conceito de Friedrich Nietzsche de que “Deus está morto” se aplica às doutrinas da cristandade, embora não a todas as outras religiões. Ele afirmou que o budismo é uma religião de sucesso, que ele elogia por promover o pensamento crítico. Nietzsche admirava o budismo, escrevendo que “já tem…o autoengano dos conceitos morais por trás dele – permanece, na minha língua, além do bem e do mal”. No entanto, ele ainda acreditava que o budismo era uma forma de vida oriental que negava o niilismo. Arthur Schopenhauer foi influenciado por textos religiosos orientais e mais tarde afirmou que o budismo era a “melhor de todas as religiões possíveis”. A visão de Schopenhauer de que “o sofrimento é o objeto direto e imediato da vida” e que isso é impulsionado por uma “vontade e esforço inquietos” é semelhante às quatro nobres verdade do Buda.

William Barret sustentou que a filosofia de Heidegger era semelhante ao zen-budismo e que o próprio Heidegger havia confirmado isso depois de ler as obras de DT Suzuki. Jean-Paul Sartre acreditava que a consciência carece de uma essência ou de que qualquer característica fixa e que a percepção disso causava um forte senso de angústia existencial ou náusea. Sartre via a consciência como definida por sua capacidade de negação. Essa concepção do eu como nada e da realizada como desprovida de essência inerente foi comparada ao conceito budista de vazio e não-eu. Se observarmos de perto as vidas e os ensinamentos de Buda, e muitos dos psicólogos existencialistas modernos, ficamos surpresos ao ver muitos pontos em comum entre eles. Mantendo essa visão em mente, Buda pode muito bem ser dito como o precursor dos pensamentos existenciais modernos! Buda era muito rebelde, como muitos dos existencialistas da Índia antiga. Ele denunciou a existência de Deus, denunciou o texto religioso “Vedá”! Seus ensinamentos também têm muitos pontos em comum com os pensadores existenciais modernos.

Buda disse que a vida está sofrendo. A psicologia existencial fala de ansiedade ontológica (pavor, angústia). Buda disse que o sofrimento é devido ao apego. A psicologia existencial também possui alguns conceitos semelhantes. Nos apegamos às coisas na esperança de que elas nos proporcionem um certo benefício. Buda disse que o sofrimento pode ser extinto. O conceito budista de “nirvana” é bastante semelhante à liberdade dos existencialistas. A liberdade dos efeitos do carma. Para o existencialista, a liberdade é um fato do nosso ser, algo que muitas vezes ignoramos. Finalmente, Buda diz que existe uma maneira de extinguir o sofrimento. Para o psicólogo existencial, o terapeuta deve assumir um papel assertivo ao ajudar o paciente a tomar consciência da realidade de seu sofrimento e de suas raízes. Da mesma forma, o paciente deve assumir um papel assertivo ao trabalhar em direção à melhoria – mesmo que isso signifique enfrentar os medos que eles têm trabalhado tanto para evitar, e principalmente enfrentar o medo de que eles “se percam” no processo.

Conclusão:

No presente ensaio, tentei explorar os pontos em comum, se houver, entre nossa antiga filosofia budista e a moderna psicologia existencial ocidental. Eu queria ver se, como psiquiatra, clínico e psicoterapeuta comum, podemos deduzir, inferir e aprender alguns princípios básicos que nos ajudarão a entender e tratar nossos pacientes de uma maneira melhor. Uma crise existencial é um momento em que um indivíduo questiona os próprios fundamentos de sua vida: se sua vida tem algum significado, propósito ou valor. Esta questão do significado e propósito da existência é o tópico da escola filosófica do existencialismo e também a base da ética de Buda.

O senhor Buda usou vários tipos de terapias na tentativa de aliviar o sofrimento de seus pacientes. Na história de Kisa-Gatomi, Buda usou um modo de ação cognitivo para superar a “crise existencial” de uma jovem mãe, que perdeu o filho recém-nascido. Ela foi ao Buda carregando o cadáver do filho e pediu remédios que restaurariam a vida do filho morto. O Buda disse-lhe para obter algumas sementes de mostarda de uma casa onde não houvera morte. Emocionada, Kisa-Gotami foi de casa em casa, mas não conseguiu encontrar uma única casa onde a morte não tivesse ocorrido. Ela gradualmente conseguiu o insight e o significado da morte. Ela percebeu que a morte é um fenômeno universal. No final do dia, Kisa-Gotami enterrou seu filho morto. Embora sentisse a perda, conseguiu afastar-se da reação patológica de luto que a impactou imensamente.

Provavelmente, todos enfrentamos alguma “crise existencial” de uma forma ou de outra, durante a nossa vida. O príncipe Sidarta teve que enfrentá-lo; psicólogos existenciais no Oeste tiveram que enfrentá-lo. Todos tentamos lidar com nossa situação de crise de acordo com nossas próprias estratégias de enfrentamento disponíveis, de acordo com nosso próprio entendimento da filosofia da vida. Nosso aprendizado e entendimento da Filosofia de Buda, aprendendo as ideias dos filósofos existenciais do Ocidente, nos preparariam melhor para lidar com nossos pacientes de depressão que se apresentam como uma “crise existencial”.

Bibliografia

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  2. S. Kierkegaard. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/S%C3%B8ren_Kierkegaard
  3. Friedrich Nietzsche. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Friedrich_Nietzsche
  4. Martin Heidegger. Disponível em : http://en.wikipedia.org/wiki/Martin_Heidegger
  5. Karl Jaspers. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Karl_Jaspers
  6. Ludwig Binswanger. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Ludwig_Binswanger
  7. Viktor Emil Frankl. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Viktor_Frankl
  8. Medard Boss. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Medard_Boss
  9. Rollo May. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Rollo_May
  10. Boeree CG. Através da Psicoterapia Budista. Disponível em: file:///C:/Users/Dr.%20T.K.%20Aich/Documents/Psychotherapy/buddhapsych.html
  11. Chatterjee S, Dutta D. A Filosofia de Buda. Uma Introdução a Filosofia Indiana (8th Ed). Calcytta: Calcutta University Press, 1980.
  12. Tapas Kumar Airch. Filosofia de Buda e Psicologia Ocidental. Disponível em: http://www.indianjpsychiatry.org/article.asp?issn=0019-5545;year=2013;volume=55;issue=6;spage=165;epage=170;aulast=Aich

13. Jayatunge RM. Buda Gautama, o único psicoterapeuta. Disponível em: http://www.lankaweb.com/news/items/2010/04/21/gautama-buddha-the-uniquepsychotherapist/ 2010