ATENDIMENTO COM PSICÓLOGO
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Entre as muitas características pelas quais nós vivenciamos o nosso tempo, podemos observar que o mundo contemporâneo é vivenciado pela produção e rapidez das informações, pela jornada de trabalho estafante ou pelo desemprego e pela variedade de bens e serviços à disposição do poder de compra das pessoas. Ao mesmo tempo em que este mundo nos oferece uma imensa gama de possibilidades, proporcionalmente, há uma centena de milhares de pessoas que sofrem psiquicamente por conta da variedade de estímulos e de sua própria biografia e histórico nesse contexto.

O sofrimento psíquico não tem uma única explicação, tampouco uma única origem. Por conta de sua complexidade, o diagnóstico médico de uma patologia mental é feita com base em uma série de sintomas que possibilitam o especialista nomear àquilo que afeta o paciente. É por isso que o diagnóstico de uma patologia mental é algo tão distinto e existem dezenas de enfermidades catalogadas no DSM-5 – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.

Também é importante salientar que muitas dessas enfermidades não afetam apenas pessoas adultas. Atualmente, observa-se um crescente número de crianças e adolescentes diagnosticados com depressão, TEA (transtorno do espectro autista), TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), entre outros distúrbios de desenvolvimento e deficiências. Para se ter ideia, segundo a Organização Mundial de Saúde, uma em cada seis crianças no mundo tem TEA.

Os dados divulgados em 2018 pela Organização Panamericana da Saúde (OPAS) mostram que:

  • Cerca de 322 milhões de pessoas estão com depressão em todo o mundo e uma em cada seis pessoas está na faixa etária entre 10 e 19 anos. Globalmente, as mulheres são as principais afetadas, com 5,1% delas com depressão. Entre os homens, a taxa é de 3,6%;
  • No Brasil, 5,8% dos habitantes sofrem com a depressão e é a maior taxa do continente latino-americano e ocupa a 4ª. posição no ranking mundial. A faixa etária mais afetada varia entre 55 e 74 anos;
  • A depressão atinge pessoas de todas as idades e classes sociais. Contudo, o risco de se tornar uma pessoa com depressão aumenta quando se está em situação de pobreza, desemprego, houve morte de um familiar ou pessoa querida, términos de relacionamentos, doenças crônicas e consumo excessivo de drogas (álcool e/ou outras);
  • A depressão é também a principal causa de mortes por suicídio, com cerca de 800 mil casos por ano, em todo o mundo e, no Brasil, foi a terceira principal causa de morte entre jovens com idades entre 15 e 19 anos.

Além da depressão, o documento “Depresión y otros trastornos mentales comunes: Estimaciones sanitarias mundiales” produzido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), apresenta que mais de 264 milhões de pessoas padecem de transtornos de ansiedade. O Brasil, em 2017, foi líder na América Latina e no mundo, com mais de 9% da população com algum transtorno de ansiedade.

Ainda segundo a OMS, é possível notar que os transtornos mentais que mais prevalecem em todo o mundo são os transtornos depressivos e os transtornos de ansiedade, variando de intensidade e duração. Os primeiros caracterizam-se por sentimentos de tristeza, perda de interesse ou de prazer, sentimentos de culpa ou baixa estima, alterações no sono, cansaço excessivo/ fadiga e falta de concentração. A distimia, por sua vez, é uma espécie de forma persistente ou crônica de depressão leve, com sintomas semelhantes aos do quadro depressivo, porém, menos intensos e mais constantes. Já os transtornos de ansiedade caracterizam-se por um grupo de transtornos mentais que possuem em sua base sentimentos de ansiedade e medo. Nesse grupo, incluem-se: o transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de angústia, transtorno de ansiedade fóbica, transtorno de ansiedade social, transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno de estresse pós-traumático.

Conhecido por suas características singulares como algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem, um repertório repetitivo de interesses e atividades, e pelas pesquisas mais recentes, o transtorno do espectro autista (TEA) apresenta seus primeiros sinais no decorrer da primeira infância. Até o momento, sabe-se que indivíduos com TEA também apresentam outros sintomas de patologias tais como epilepsia, depressão, TDAH. No Brasil, o TEA pertence ao campo das deficiências de acordo com o documento “Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA), e, por outro como “um transtorno mental, pertencente ao campo de cuidados da atenção psicossocial”, segundo as informações do texto “Linha de Cuidado para a Atenção às Pessoas com Transtornos do Espectro do Autismo e suas Famílias na Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde”, cartilhas desenvolvidas pelo Ministério da Saúde em 2013, como apontam pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Outro transtorno grave que afeta cerca de 23 milhões de indivíduos em nível mundial é a esquizofrenia, um grave transtorno mental em que a pessoa é acometida por distorções no pensamento e nas suas percepções, afetando seu comportamento e seu dia-a-dia. Delírios (falsas ou suspeitas crenças que são mantidas, mesmo quando são comprovadas equivocadas) e alucinações (sentir, ouvir e ver coisas que não existem ou não são perceptíveis aos sentidos de outras pessoas) fazem parte das experiências psicóticas que, em geral, começam no fim da adolescência ou no início da vida adulta.

Além dessas, há também a demência, que é causada por uma variedade de doenças e lesões no cérebro como o acidente vascular cerebral (AVC) ou o Alzheimer. Com mais de 50 milhões de pessoas sofrendo de demência em todo o mundo, a condição de demência faz com que haja uma deterioração da capacidade de processamento do pensamento, afetando a memória, a orientação espacial, a compreensão na linguagem, a aprendizagem e os juízos de valor no cotidiano. Até o momento não há um procedimento e/ou tratamento de cura para a demência, porém, como o processo da doença é gradual e a família do paciente é afetada, os tratamentos atuais visam auxiliar a qualidade de vida do enfermo, de cuidadores e da família envolvida no cuidado.

Por fim e não menos importante, a dependência química é considerada pela Organização Mundial de Saúde como o “estado psíquico e algumas vezes físico resultante da interação entre um organismo vivo e uma substância, caracterizado por modificações de comportamento e outras reações que sempre incluem o impulso a utilizar a substância de modo contínuo ou periódico com a finalidade de experimentar seus efeitos psíquicos e, algumas vezes, de evitar o desconforto da privação”.  A partir disso, baseado no Manual de Diagnóstico e Estatística, em sua quinta versão (DSM-5), e da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), de acordo com a SENAD – Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas -, a “Síndrome de dependência se caracteriza por um conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após repetido consumo de uma substância psicoativa, tipicamente associado ao desejo poderoso de tomar a droga; à dificuldade de controlar o consumo; à utilização persistente, apesar das suas consequências nefastas; a uma maior prioridade dada ao uso da droga em detrimento de outras atividades e obrigações; a um aumento da tolerância pela droga e, por vezes, a um estado de abstinência física”.

É importante salientar que existem fatores culturais, biológicos, individuais, sociais e ambientais que se articulam para aumentar ou diminuir os riscos para um consumo excessivo e abuso de substâncias psicoativas. Também é preciso observar que tanto as drogas ilícitas quanto as lícitas oferecem risco de adicção, até porque o número de dependentes químicos por álcool, benzoadiazepínicos, estimulantes e analgésicos têm crescido em todo o mundo e já se trata de uma epidemia em contexto global.

Como observado, há uma série de distintos distúrbios, síndromes, transtornos e doenças que possibilitam o adoecimento mental e psíquico. Profissionais capacitados com sólida formação no acompanhamento e atendimento psicoterapêuticos são imprescindíveis para a melhora do quadro desses pacientes. Arthur Tufolo e equipe contam com esse conhecimento e experiência nessas áreas.

Referências bibliográficas:

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Disponível em <https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5652:folha-informativa-transtornos-mentais&Itemid=839

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